RMS Titanic
A viagem iniciada em 10 de abril de 1912 era glamourosa. Na primeira
classe estavam mais de 300 pessoas, que não hesitaram em pagar, em
valores de hoje, £ 64.204 ou US$ 110.129 - algo próximo de R$ 205 mil -
por uma passagem, apenas de ida, de Southampton a Nova York, sem contar
os gastos posteriores com restaurante, bebidas finas e banhos turcos. O
Titanic transportava também passageiros de classe média alta e mesmo
pobres, como boa parcela dos da terceira classe, emigrantes, em especial
da Escandinávia, que iam tentar a vida nos Estados Unidos.
Logo após deixar Southampton (Inglaterra), o Titanic fez duas
escalas, Cherbourg, no litoral francês, e na Irlanda. Nos primeiros
quatro dias, tudo era festa. Nesse período, o comandante Edward Smith e
oficiais receberam cerca de uma dúzia de mensagens telegráficas, dando
conta do elevado número de icebergs na rota. Se tivesse levado a sério
as advertências, o Titanic poderia ter desviado apenas alguns graus de
latitude sul e reduzido o risco de acidente.
No dia 14 de abril, às 23h40, o observador de bordo viu um iceberg,
centenas de metros à frente. Mesmo após as tentativas do oficial de
plantão, William Murdoch, de desviar a direção do navio e dar marcha a
ré, o impacto se deu em apenas 37 segundos.
Com a colisão lateral, centenas de arrebites externos foram
arrancados e 5 dos 16 tanques de água, destruídos. Abriu-se uma brecha
na lateral direita do navio, abaixo da linha d'água. O transatlântico de
46.329 mil toneladas começou a ser inundado. Em meia hora, inclinou-se
para a direita e afundou lentamente.
Minutos após o choque, o Titanic emitiu seu pedido de socorro pelo
telégrafo sem fio. A partir da colisão, foram quase três horas de
desespero. Às 2h20 da madrugada, afundou nas águas do Atlântico e
partiu-se em dois. Do total de desaparecidos, 90% eram homens. Muitos
morreram de hipotermia, pois a temperatura da água era de -2°C.
A 32 quilômetros navegava o Californian, que não captou a mensagem
porque seu telegrafista estava dormindo. Outro navio, o Carpathia,
captou o pedido de socorro, mas 80 minutos após o impacto. Ainda assim,
recolheu 710 náufragos, que levou para Nova York. Ao desembarcar, no dia
17, uma multidão de 40 mil pessoas aguardava os sobreviventes.
Entre eles havia famosos, como a atriz americana Molly Brown,
ativista de direitos humanos. Entre os mortos, também, como Benjamin
Guggenheim, magnata do cobre; John Thaver e Charles Hays, donos de
ferrovias nos EUA; e Isidor Straus, um dos proprietários das lojas
Macy's. Guggenheim recusou a oferta de um colete salva-vidas por achá-lo
"apertado e deselegante". Outros escaparam porque cancelaram a viagem,
como o banqueiro John Pierpont Morgan - que financiou a construção do
navio - e o industrial Henry Clay Frick.
Construído nos estaleiros da Harland and Wolff, em Belfast, na
Irlanda do Norte, o Titanic incorporou algumas das mais avançadas
tecnologias da época - o que fez o navio ganhar fama de "inafundável".
Em sua construção trabalharam 12 mil pessoas, 3 mil das quais eram
profissionais especializados, como mecânicos, eletricistas, soldadores,
marceneiros, encanadores, pintores e decoradores.
Comissões de inquérito americanas e inglesas instaladas após o
naufrágio confirmaram que, contrariamente aos boatos, os passageiros de
terceira classe não foram confinados para permitir o salvamento
prioritário dos passageiros de classes superiores.
Resgate.
Após décadas de esquecimento, o Titanic
voltou a chamar a atenção nos anos 1980, com a missão liderada por
Robert Ballard para localizar os destroços do navio no fundo do mar.
Engenheiro, geólogo e explorador, Ballard conseguiu apoio tecnológico e
financiamento da Marinha dos EUA para construir um robô submarino de
grande profundidade, o Argo.
Em troca, teve antes de participar de uma missão secreta: localizar
dois submarinos nucleares americanos naufragados nos anos 1960 no
Atlântico Norte, o USS Scorpion e o USS Thresher. Ele os localizou em
1985, mas, ao partir em busca do Titanic, o robô submarino implodiu e
foi triturado em milhares de pedaços, sob a pressão de 3 mil metros de
profundidade. Foi necessário montar outro robô para localizar o navio em
1.º de setembro de 1985, a 3.784 metros de profundidade. Ballard voltou
ao local no ano seguinte para fazer o primeiro estudo detalhado do
naufrágio.
Veja como o navio se encontra atualmente no fundo do oceano :
e os videos gravados na época :
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