Vlado Herzog
Vlado Herzog passou a assinar
como Vladimir, pois considerava seu nome um tanto exótico demais para os
trópicos. Símbolo da luta pela liberdade, pela democracia e justiça,
Herzog foi professor, jornalista e dramaturgo e tinha paixão por
fotografias. Militante do Partido Comunista Brasileiro, torturado até a
morte, após ter ido ao órgão para um interrogatório sobre suas
atividades supostamente “ilegais”.
O General Ernesto
Geisel toma posse da Presidência da República (1974) com um discurso
de abertura política conhecido como “distensão”. O governo lidava com
duas infelicidades: a derrota nas eleições parlamentares e a crise do
petróleo. Além disso, o general Ednardo D'Ávila Mello fazia afirmações
de que os comunistas estariam infiltrados no governo de São Paulo,
fazendo-se criar uma tensão entre os mesmos, assim, por se sentirem
ameaçados, aumentam a repressão. Através do jornalista Paulo Markun,
Herzog chegou a ser informado que seria preso, mas não fugiu. O mesmo
estaria sendo acusado de praticar atividades clandestinas, o que não era
verídico.
Em outubro de 1975, mais precisamente no dia 24, agentes do II Exército convocaram Vlado para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o PCB, que durante o regime militar atuou na ilegalidade. No dia seguinte, Herzog compareceu ao DOI-CODI. Ele estava preso com mais dois jornalistas (George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder). Pela manhã, negou qualquer ligação ao PCB. A partir daí, os outros dois jornalistas foram levados para um corredor, onde escutariam uma ordem para que se trouxesse a máquina de choques elétricos. Para abafar o som da tortura, um rádio com som alto foi ligado. Posteriormente, Konder é obrigado a assinar um documento no qual ele afirma ter aliciado Vlado "para entrar no PCB e listava outras pessoas que integrariam o partido." O Serviço Nacional de Informações recebeu uma mensagem em Brasília de que naquele dia 25 de outubro, "acerca de 15hrs, o jornalista Vladimir Herzog suicidou-se no DOI/CODI/II Exército". Era bem comum naquela época que o governo divulgasse a morte de suas vítimas como sendo por suicídios, Elio Gaspari (um jornalista) comenta que "suicídios desse tipo são possíveis, porém raros. No porão da ditadura, tornaram-se comuns, maioria até." Conforme o Laudo de Encontro de Cadáver expedido pela Polícia Técnica de São Paulo, Herzog se suicidou com uma tira de pano que era usada como "cinta do macacão que o preso usava", amarrado em uma grade a 1,63 metro de altura. Anexaram ao laudo fotos do suposto suicídio de Herzog, entretanto, há várias inverossimilhanças. Uma delas é o curioso fato de que ele teria se enforcado com um cinto, uma vez que os prisioneiros de onde Vlado se encontrava, não utilizavam cintos. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que sua morte foi feita por estrangulamento. Em 1978 o juiz Márcio Moraes responsabiliza o governo por sua morte. E em 2012 retificaram o atestado de óbito, comprovando "morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)".
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